[DOENÇAS] OSTEOMIELITE: O QUE É?

Vamos falar sobre ossos? Você deve estar se perguntando? “Mas por que? Quero saber da osteomielite”. Justamente por isso. Para entendermos essa doença, que atinge principalmente os ossos, precisamos entendê-los antes de tudo.

Os ossos são formados por tecidos vivos, extremamente vascularizados e em contínuo processo de recomposição. Logo, esse organismo está produzindo novas células ósseas continuamente e ainda reabsorvendo as células “velhas”. Os ossos constituem a estrutura do corpo e ainda desempenham um importante papel na locomoção; na proteção de órgãos vitais como, por exemplo, coração, cérebro e pulmões e no armazenamento de sais minerais como, por exemplo, cálcio e ainda triglicerídios. Também são responsáveis por produzirem células do sangue a partir das células-tronco existentes na medula óssea. Plaquetas, hemácias e leucócitos são alguns exemplos de células. 

Pois bem, até mesmo o osso, extremamente rígido, pode ser atingido por infecções. E uma delas é a osteomielite, a qual vamos entender a seguir como funciona e ainda como tratá-la.

O que é osteomielite?

A osteomielite nada mais é do que uma infecção no osso. Essa infecção é causada por  fungos, bactérias ou micobactérias, principalmente pelo agente patogênico Staphylococcus aureus, bactéria que pode formar colônias na pele e até se instalar nas fossas nasais de pessoas saudáveis, muitas vezes sem causar danos ao hospedeiro. A osteomielite ocorre apenas quando essa bactéria consegue penetrar no organismo por meio de uma pequena lesão na pele, na mucosa ou até através de ingestão de alimentos contaminados.

Além do Staphylococcus aureus e de outros fungos, mesmo que em menor escala, a bactérias Mycobacterirm tuberculosis também pode estar envolvida no surgimento da osteomielite. 

Quando a bactéria rompe a barreira inicial e se instala na pele, a “primeira” infecção pode ser pequena ou até inaparente. Contudo, depois desse ponto ou caso ocorra uma complicação de alguma doença infecciosa já pré-existente como, por exemplo, tuberculose, abscessos (famosas coleções de pus) ou endocardite, os germes podem migrar através da corrente sanguínea e acabar infectando órgãos à distância, podendo infectar inclusive os ossos. Nesse caso, a doença é chamada de osteomielite hematogênica.

No entanto, essa não é a única forma de contaminação. Essas bactérias ou fungos também podem atingir o osso. Mas como? Das seguintes formas:

  • “Aproveitando-se” da aproximação de feridas na pele que sejam mais aprofundadas, ou seja, que se aprofundam até os tecidos moles adjacentes, podendo ocorrer nas úlceras através de pressão e no pé diabético;
  • Através de uma complicação de doença periodontal, o que pode favorecer o surgimento de abscessos gengivais e dentários, facilitando assim, a entrada dos germes;
  • Através do contato direto com o osso de uma fratura exposta;
  • Durante cirurgias ortopédicas corretivas ou até para a implantação de próteses;
  • Através de um ferimento causado por um objeto perfurante contaminado, neste caso, é denominada de osteomielite pós-traumática.

De maneira geral, os ossos são resistentes a infecções. Quando são afetados na fase aguda da doença, normalmente o prognóstico costuma ser favorável. No entanto, à medida que a doença progride, complicações mais graves podem surgir, dificultando assim, o tratamento. Diversos estudos já mostraram que quando o osso é infectado uma vez, os micro-organismos podem alcançar a medula óssea, tecido gelatinoso que ocupa a região interna de diversos ossos e que está diretamente ligada à produção de células do sangue. Quanto atingida, a medula pode inflamar e pressionar a parede externa do osso, que é extremamente rígida. O aumento de pressão pode comprimir os vasos sanguíneos, os quais páram de fornecer sangue de forma parcial ou até total à região afetada. Logo, sem sangue, a região começa a “necrosar” e o tecido ósseo morre. Dependendo da gravidade e agressividade do germe, a infecção pode alcançar regiões fora do osso e formar até abscessos.

A osteomielite pode ser classificada como aguda ou crônica de acordo com o tempo e evolução da doença. Ela é considerada crônica quando permanece ativas por um período maior que seis semanas. Normalmente, isso acontece em virtude de uma lesão aguda que não recebeu um tratamento adequado e acabou se agravando de forma lenta e contínua. Na forma aguda, essa infecção óssea pode ser diagnosticada já nas quatro primeiras semanas. 

Grupos de risco

A osteomielite pode se manifestar em qualquer idade e inclusive em qualquer osso do corpo. No entanto, ela ocorre com maior frequência durante a infância e na velhice. No caso das crianças, elas são mais vulneráveis devido às placas de crescimento que estão localizadas nas extremidades dos ossos longos das pernas, o fêmur e a tíbia, e dos braços, o úmero e o rádio. Já nos mais velhos, os ossos mais prejudicados são os da coluna vertebral e da pélvis.

Além disso, os meninos são mais afetados do que as meninas. Ainda compõem o grupo de risco pessoas com imunidade comprometida, que passaram por cirurgia recentemente e ainda portadores de diabetes descompensado, distúrbios circulatórios ou anemia falciforme. Pessoas que foram submetidas à quimioterapia, radioterapia ou ainda hemodiálise devem redobrar os cuidados. O mesmo vale para aqueles que utilizam medicamentos continuamente como, por exemplo, corticoides e inibidores do fator de necrose tumoral. Usuários de drogas injetáveis: a mesma coisa.

Causas

Como já foi mencionado, grande parte dos casos de osteomielite ocorre devido a uma infecção causada por bactérias. Contudo, também pode ser causada por fungos e vírus. 

Tanto as bactérias quanto os fungos e vírus podem chegar a um osso de várias formas. São elas:

  • Circulação sanguínea: outras bactérias presentes em demais partes do organismo como, por exemplo, as causadores de pneumonia ou até de infecção urinária, podem “viajar” através da corrente sanguínea até um ponto mais enfraquecido de um osso;
  • Infecção próxima ao osso: feridas mais profundas podem levar à osteomielite;
  • Contaminação direta: a contaminação causada por bactérias pode ocorrer caso a pessoa quebre um osso e tenha fratura exposta. Além disso, também pode contrair a doença durante procedimentos cirúrgicos. 

Sintomas

Os principais sintomas são:

  • Dor na área da de infecção
  • Calor local
  • Rubor (famosa vermelhidão)
  • Fadiga
  • Febre
  • Calafrios
  • Mal-estar
  • Sudorese (suor excessivo)
  • Tumor (inchaço, edema)
  • Irritabilidade ou letargia (especialmente em crianças menores)

Em casos de osteomielite crônica, são comuns sinais como úlceras na pele, fístulas e secreção purulenta.

É importante ressaltar que a doença pode ser assintomática em alguns casos, ou seja, não apresenta sintomas tão aparentes. Já em outros casos, os sintomas podem ser inespecíficos, podendo ser confundidos com outras infecções, o que pode ser ruim para o diagnóstico precoce e para o tratamento.

Diagnóstico

O diagnóstico dessa patologia depende da avaliação clínica do paciente, e claro, do resultado de alguns exames de sangue. Os mais solicitados pelos médicos especialistas são:

  • Hemograma
  • Hemocultura
  • Velocidade de hemossedimentação (VHS)
  • Nível da proteína C-reativa

Além disso, os exames de imagem também são importante para o diagnóstico da osteomielite. São eles:

  • Radiografia
  • Tomografia computadorizada
  • Ressonância magnética
  • Cintilografia óssea

Prevenção e recomendações

Cuidados básicos com a higiene pessoal no dia a dia são indispensáveis para evitar o surgimento de infecções, inclusive, a osteomielite. Por isso, lavar as mãos com bastante água e sabão (qualquer sabão) quando chegar em casa, antes das refeições, depois de utilizar o banheiro e ainda quando entrar em contato com pessoas doentes é extremamente importante. 

Se cortou ou se arranhou? Redobre os cuidados. Isso vale para qualquer tipo de lesão aberta na pele. Por isso, a atenção e limpeza dos ferimentos devem ser redobradas. 

Confira medidas que reduzem o risco de desenvolver osteomielite:

  • Procure manter os pés sempre limpos e hidratados. Por isso, prefira sapatos e meias adequados para prevenir lesões na pele comuns em portadores de diabetes tipo 2;
  • Evite a formação de escaras (conhecidas como úlceras por pressão);
  • Busque sempre se alimentar bem, praticar exercícios físicos, não fumar beber com moderação. Dessa forma, você apresentará um sistema imunológico forte para combater possíveis infecções, principalmente as que possam causar danos irreversíveis ao organismo;
  • Jamais se automedique quando surgirem lesões na pele ou boca, principalmente as que demoram para cicatrizar.. Procure sempre um médico especialista para discutir a sua condição. 

Tratamento

A osteomielite não tem cura, mas felizmente hoje existem diversos tratamentos para esta doença.

O tratamento da osteomielite tem como objetivo eliminar a infecção aguda, evitando assim, o desenvolvimento de formas crônicas da doença, as quais estão sujeitas a complicações mais graves como, por exemplo, prejuízos no crescimento e desenvolvimento do osso, nos movimentos da articulação ainda distúrbios vasculares.

No caso de infecções bacterianas, o tratamento é realizado através de antibióticos de amplo espectro. Primeiramente por via endovenosa, em ambiente hospitalar mesmo e durante alguns dias. Quando há boa resposta a esse tipo de medicação, em seguida ela pode ser usada por via oral em casa, nas próximas quatro a seis semanas (no mínimo). Os portadores de osteomielite crônica grave muitas vezes necessitam de um tratamento com antibióticos durante um período mais longo.

No caso de infecções causadas por fungos, são indicados medicamentos antifúngicos, os quais devem ser ministrados durante meses.

Dependendo da gravidade da infecção e ainda da resposta do paciente, recomenda-se uma limpeza cirúrgica da área afetada para drenar os abscessos, remover a parte do osso que foi necrosada e ainda por segurança a parte do tecido saudável. Esse processo é conhecido como desbridamento. Em seguida, é necessário implantar enxertos para restaurar o fluxo sanguíneo e recompor o osso lesado. Sessões de oxigenoterapia hiperbárica também são recomendadas, uma vez que aceleram esse processo de recuperação. 

Por fim, quando o uso de antibióticos e nem a limpeza cirúrgica apresentam boas respostas, recomenda-se amputar o membro ou parte dele. Isso impede que a infecção se espalhe para o resto do organismo.

Considerações finais

Vale ressaltar novamente que somente um médico pode dizer quais são as recomendações e tratamento mais indicados para cada caso. Por isso, ao surgirem sinais, não hesite em procurar um médico e jamais se automedique. Essa doença costuma apresentar bons resultados e efeitos quando tratada.

Fontes: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/osteomielite/

https://www.minhavida.com.br/saude/temas/osteomielite

https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-doencas-tratamentos/osteomielite/

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